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Saiba quais os riscos de tomar vitaminas por conta própria

No frio, é comum a ingestão de vitamina C na expectativa de evitar resfriados, mesmo sem necessidade; suplementos devem ser usados com cautela só por quem têm deficiência de vitaminas e minerais

Por Gabriela Malta

Com a chegada do inverno e o aumento dos casos de doenças respiratórias, algumas pessoas passam a consumir por conta própria vitaminas C e D, além de outros suplementos vitamínicos e minerais, na expectativa de evitar gripes e resfriados. No entanto, as doenças respiratórias podem ser evitadas com alguns cuidados básicos, como permanecer em ambientes ventilados, manter a vacinação em dia contra a gripe e a Covid-19, e praticar uma boa higienização.

Embora a suplementação possa beneficiar e seja indicada para alguns pacientes, ela não evita que você fique gripado ou resfriado. Os especialistas recomendam procurar um médico para verificar se há deficiências e quais são elas, a fim de indicar o melhor suplemento, que deve ser prescrito de forma individualizada.

Os especialistas também recomendam a suplementação de vitaminas e minerais para pacientes portadores de algumas condições de saúde, como diabetes, osteopenia (perda gradual da massa óssea) ou osteoporose. Pacientes oncológicos e imunodeprimidos também podem se beneficiar da suplementação.

“São pacientes nos quais as vitaminas C e D podem, de certa forma, contribuir positivamente, quer seja no sentido de melhorar o seu sistema imunológico, como também melhorar a absorção do cálcio através da vitamina D e, consequentemente, evitar osteoporose, por exemplo”, diz Durval Ribas Filho, médico nutrólogo e endocrinologista e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).

Pacientes submetidos a alguns tipos de cirurgia bariátrica, onde há remoção da área de absorção intestinal, também podem precisar de suplementação. “Alguns pacientes não vão ter a capacidade absortiva de algumas vitaminas e minerais. Então, mesmo que a pessoa tenha uma dieta completa, ela pode precisar suplementar”, explica Celso Cukier, médico nutrólogo do Hospital Albert Einstein.  “É o que também acontece em algumas doenças inflamatórias intestinais, como a doença de Crohn”.  

Segundo especialistas, não há indicação de suplementação de rotina sem que haja deficiência de vitaminas e minerais detectadas por exames de sangue.

A nutricionista e presidente da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição, Sueli Longo, afirma que a suplementação de vitaminas e minerais não está relacionada às estações do ano. Ou seja, ela não irá prevenir doenças respiratórias se for usada de forma preventiva, nem será um tratamento caso o paciente já esteja apresentando tosse, coriza e espirros: “Ela é indicada quando o indivíduo não consegue ingerir a quantidade recomendada do nutriente por meio de sua matriz alimentar ou quando apresenta quadro de déficit do nutriente diagnosticado através de sintomas clínicos e confirmado por exames laboratoriais”. 

“Tomar suplementos nutricionais sem objetivo, simplesmente achando que vai ter uma melhora na performance física ou na prevenção de doenças é muita especulação e não deve ser feito de forma rotineira”, completa Cukier, nutrólogo do Einstein.  

Boa alimentação e hábitos de vida

Uma alimentação equilibrada e diversificada pode fornecer todas as vitaminas necessárias em quantidades adequadas. “A vitamina C é um nutriente cujas fontes alimentares são abundantes em nosso país”, afirma Longo. Alimentos como laranja, limão, mexerica e goiaba são ricos em vitamina C. Por exemplo, 100 ml de suco de laranja bahia contém 94,5 mg de vitamina C, o que já atende à necessidade diária recomendada pelo Institute of Medicine (IOM).

Por outro lado, a vitamina D é um hormônio esteroide produzido quando a pele fica exposta ao sol. A dermatologista Ivonise Follador, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, recomenda que pessoas saudáveis tomem sol nas pernas ou braços por pelo menos 15 minutos duas vezes por semana. No entanto, é importante evitar a exposição solar entre às 10h e 16h.

A orientação para aqueles que apresentarem sintomas gripais é a mesma da pandemia: utilizar máscaras para evitar a disseminação dos vírus e, sempre que espirrar ou tossir, cobrir a boca e o nariz. Além disso, é essencial lavar as mãos com frequência, manter uma alimentação adequada e evitar ambientes fechados e com grande aglomeração de pessoas.

(Imagem ilustrativa/Freepik)
(Imagem ilustrativa/Freepik)

Riscos do consumo sem indicação

As vitaminas são divididas em dois grupos: as lipossolúveis, como as vitaminas A, E, D e K, que são armazenadas no organismo, e as hidrossolúveis, como a vitamina C e as vitaminas do complexo B, que são eliminadas mais rapidamente.

Para ambos os grupos, há riscos para a saúde quando estão presentes em excesso no organismo.

“A utilização exagerada de vitamina D pode causar sintomas de toxicidade no organismo, chegando a causar até quadros neurológicos, como sonolência, confusão e até depressão. O excesso de vitamina C pode causar cálculos renais, por exemplo. É também descrito na literatura médica que o uso de altas doses de vitamina A por longos períodos de tempo pode até estar relacionado com cirrose hepática. Então, a gente tem que tomar muito cuidado com o uso das vitaminas especialmente em altas doses e por tempo prolongado”, afirma Cukier.

Se, após análises clínicas e laboratoriais, o médico prescrever a suplementação, geralmente é recomendado repetir o exame entre três e quatro meses depois para verificar os valores atualizados. “Irá depender da deficiência e de outros fatores, como a presença de doenças crônicas degenerativas, principalmente diabetes, que pode demandar períodos mais prolongados de suplementação”, explica Ribas Filho.

Agência Einstein

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