Depois de uma série de discursos inflamados dos presidentes Jair Bolsonaro, do Brasil, e Donald Trump, dos Estados Unidos, sobre a eficácia do uso de cloroquina e de hidroxicloroquina no tratamento do novo coronavírus (Covid-19), a corrida em busca dos medicamentos aumentou exponencialmente pelas nações.
Apesar dos cidadãos buscarem por um tratamento rápido e eficaz, esses medicamentos ainda estão sendo testados para que seu funcionamento contra a doença seja comprovado. Atualmente, eles são usados apenas em pacientes que apresentam quadros graves de coronavírus e estão hospitalizados.
Isso porque, de acordo com o ex-ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, a substância tem fortes efeitos colaterais, e a automedicação com cloroquina pode levar à morte. Em um estudo realizado pelo Instituto de Virologia de Wuhan, na China, epicentro inicial do surto de coronavírus, foi possível comprovar que uma dose de 2 gramas – o dobro do indicado no tratamento – tomada sem supervisão médica pode matar um adulto.
Há registros de internação e morte pelo uso dos medicamentos nos EUA. Na ocasião, um casal idoso tomou fosfato de cloroquina por medo de pegar a doença e, horas depois, precisaram ser encaminhados para uma unidade hospitalar. Por fim, o marido morreu e a esposa precisou ficar na UTI.
Além disso, a mistura do medicamento com outras substâncias pode agravar os efeitos colaterais, segundo uma pesquisa da Mayo Clinic, organização americana sem fins lucrativos. Eles listam 14 remédios que são vistos como prejudiciais: amisulprida, aurotioglucose, bepridil, cisaprida, dronedarona, levometadil, mesoridazina, pimozida, piperaquine, saquinavir, sparfloxacina, terfenadina, tioridazina e ziprasidona.
Outros efeitos são: dor de cabeça, visão embaçada, náuseas e vômitos, câimbras, taquicardia, diarreias, queda de pressão sanguínea, coceira e manchas avermelhadas.
Demais tratamentos
A cloroquina e a hidroxicloroquina são usados para controlar doenças como malária, lúpus e artrite reumatoide. Para tentar conter as compras – que podem acabar com os estoques –, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fez com que a aquisição deles seja feita apenas com receita médica.Deste modo, os profissionais formados na faculdade de farmácia devem registrar as entradas e saídas do estoque, assim como os dados dos consumidores. A venda de qualquer um dos dois, sem a apresentação do receituário, será enquadrada como infração grave. “O uso sem supervisão médica também pode representar um alto risco à saúde das pessoas”, afirmou a Anvisa em comunicado.