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Como a psicologia do esporte pode auxiliar atletas e até outros profissionais atarefados no dia a dia

A ansiedade e autocobrança afetam o desempenho de todos; autoconhecimento ajuda a lidar com medos e frustrações, além de evitar outros transtornos, como a depressão

Por Alex Lima*, da Agência Einstein     

Atletas de alto rendimento geralmente enfrentam uma rotina árdua, exigindo muito foco e comprometimento. Essa dedicação muitas vezes vem acompanhada do sacrifício de tempo com a família e amigos. Além disso, há a necessidade de lidar com críticas, altos e baixos, e até lesões que podem surgir no caminho em direção ao melhor desempenho. Todos esses desafios podem levar a problemas psicológicos para as pessoas dentro do mundo esportivo. 

Assim, a psicologia do esporte passa a ser uma aliada para auxiliar os atletas no enfrentamento e prevenção dos transtornos que podem surgir. Anahy Couto, psicóloga de futebol profissional do São Paulo Futebol Clube, esclarece que essa área pode ser subdividida em duas linhas: uma delas foca no atleta de maneira individual, priorizando o lado humano e garantindo sua qualidade de vida, e a outra concentra-se na competitividade, visando o desenvolvimento das emoções necessárias para alcançar a alta performance. 

Cada vez mais, tem sido comum atletas compartilharem as dificuldades encontradas ao longo de suas carreiras. Um exemplo é a ginasta Simone Biles, que, em 2021, retirou-se das finais dos Jogos Olímpicos em Tóquio, no Japão, priorizando sua saúde mental. No Brasil, também ocorreram casos semelhantes recentemente, como o do surfista Gabriel Medina, que se ausentou de competições em 2021 para tratar um quadro de depressão, e do jogador de futebol Alisson, que, neste ano, enfrentou depressão, crises de ansiedade e até pensamentos suicidas. 

Os problemas psicológicos mais comuns em atletas são a ansiedade e o estresse. “Eles são resultantes da autocobrança, juntamente da cobrança externa de torcedores ou das expectativas que familiares e amigos podem ter sobre o jogador”, diz Couto. Ela menciona a intensificação do uso das redes sociais como um fator extra que pode contribuir para o desenvolvimento de transtornos psicológicos, observando que atletas, independentemente do esporte, estão atualmente mais expostos na internet nos dias de hoje. 

Além disso, a ansiedade antecipatória, aquela que acontece no pensamento do paciente e que não necessariamente vai acontecer na realidade, também pode interferir no desempenho.  

“A ansiedade é natural do ser humano. Muitas vezes, antecipamos um ‘risco’ do futuro para nos prepararmos melhor. Mas quando essa ansiedade é envolta por pensamentos negativos, muita pressão e cobrança por tomadas de decisões acaba afetando a cognição, a autoconfiança e consequentemente o desempenho”, explica Daniel Oliva, psiquiatra do Núcleo de Saúde Mental e Bem-Estar do Hospital Israelita Albert Einstein.   

O psiquiatra acrescenta que, quando o atleta está em boas condições mentais, consegue manter maior disciplina na rotina, dedicação, foco em objetivos futuros e mais autoconfiança, especialmente em momentos que envolvem grande pressão. 

Ansiedade de desempenho  

Estudantes que vão prestar vestibular, funcionários com muitas demandas, como médicos, enfermeiros, professores ou donas de casa, também podem ter muito estresse por conta da sobrecarga e da alta exigência. “Muitas pessoas estão buscando atingir sua melhor performance independente da área de atuação e acabam ficando propensas ao desgaste emocional e mental buscando isso”, explica Couto. 

Para lidar com a ansiedade de desempenho, o psiquiatra do Einstein aborda a importância de focar em informações da realidade e buscar exemplos de situações semelhantes vividas no passado.  

“Uma pessoa que está prestes a fazer uma prova e se sente nervosa, por exemplo, pode buscar resgatar que tem a capacidade de desempenhar bem e buscar acessar outros momentos que se saiu bem. Assim, ela evita que essa ansiedade a leve para cenas de insucesso e de falha, atrapalhando no desempenho”, aconselha. De acordo com o profissional, técnicas de respiração e meditação, como mindfulness (atenção plena), também podem ajudar a lidar com esses sentimentos. 

Já no caso da autocobrança excessiva – que surge na comparação entre o desempenho idealizado com a performance real – o psiquiatra do Einstein ressalta a importância de identificar e buscar formas de evitar essa sensação.  

“Quando a autocobrança é excessiva, o indivíduo pode se encontrar em sofrimento contínuo e ter dificuldade em olhar de maneira positiva os progressos do cotidiano. O acompanhamento por um profissional de saúde mental, psicólogo ou psiquiatra, pode ajudar no desenvolvimento de ferramentas para contornar essa autocobrança e promover cuidados em casos mais severos”, orienta. 

Couto indica que a melhor forma de prevenção da saúde mental de pessoas em geral está no estilo de vida. “O mais importante é olhar para si e avaliar a forma como está vivendo. Analisar a qualidade de sono, alimentação, atividade física, manejo do estresse nos ambientes etc. Levar em consideração que tudo isso pode interferir positivamente ou negativamente em nossas atividades cotidianas, pois não existe boa performance sem saúde mental”, finaliza a psicóloga do esporte.  

  *sob supervisão de Carolina Dantas   

Agência Einstein

Com foco em saúde, ciência e bem-estar, a Agência Einstein oferece gratuitamente conteúdo qualificado para jornais, revistas, emissoras de TV e rádio e sites de notícias. A iniciativa do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, tem o objetivo de difundir informação de qualidade para promover saúde e difundir conhecimento.

(Imagem ilustrativa/Freepik)

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