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Somos todos um só

  Realizada a cada quatro anos, o principal evento esportivo do mundo mais uma vez chega ao Brasil. Realizada pela primeira vez em 1950 no país, quando lembramos com profunda lamentação aquele episódio conhecido como o “Maracanaço”, em virtude da derrota da nossa seleção para o Uruguai na grande final, a Copa nos reencontra em […]

 

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Realizada a cada quatro anos, o principal evento esportivo do mundo mais uma vez chega ao Brasil. Realizada pela primeira vez em 1950 no país, quando lembramos com profunda lamentação aquele episódio conhecido como o “Maracanaço”, em virtude da derrota da nossa seleção para o Uruguai na grande final, a Copa nos reencontra em cenário bastante diferente. O contexto é outro, a realidade é outra, os movimentos sociais pró-liberdade e anticorrupção, mesmo que timidamente e intimidados pelos poderosos do poder ganharam corpo e voz. As pessoas, ainda que manipuladas pelas grandes mídias, têm acesso a informação com muito mais facilidade e podem compartilhá-las com rapidez e eficiência, principalmente graças aos milagres das santas redes sociais.

Em meio a muitas especulações, manifestações, e atitudes contraditórias a realização do Evento, a Copa do mundo acontece e está mostrando ao planeta que apesar dos gravíssimos problemas sociais, o brasileiro é na sua grande maioria um povo alegre, hospitaleiro e que na sua essência não foge a luta cotidiana. O mundo está nos conhecendo ainda mais, e nós mesmos estamos conhecendo um Brasil sem máscaras, que em muitas vezes não é mostrado nos mais variados meios de comunicação. A magia de um esporte que ontem parou uma guerra, hoje une povos, de diferentes raças, credos, culturas, crenças e línguas. Alguns céticos poderão dizer que o investimento em segurança apenas disfarça o que vivemos diariamente, mas é desta própria segurança que tanto necessitamos e reivindicamos para sermos um povo ainda mais feliz.

Sou um dos milhões de brasileiros que desejaram e ainda desejam uma Copa que inicie e termine em paz, sem conflitos, desacordos e/ou violência. Vivo intensamente cada segundo, cada minuto jogado em campo. Visto a camisa amarelinha e torço veementemente pelo hexa da nossa Seleção, que no meu ponto de vista, será mais que um título, será a redenção de um povo sofrido e perseverante.

Mas calma! Sou um torcedor, certo! Vibro com a seleção, ok! Mas antes de tudo crítico com os desvios e gastos exorbitantes com o Mundial. Não posso esquecer, independentemente do resultado, se o Brasil será hexa ou não, que a Copa custará muito mais do que planejávamos e imaginávamos. Eu não irei deixar de contar para os “filhos deste solo e desta mãe gentil” que os gastos já ultrapassam as três últimas edições do Evento juntas.

 

Lembremos, meus jovens, que em 2002, na Copa sediada pelo Japão e Coréia, quando o Brasil conquistou o título, se tornando pentacampeão foram gastos 4 bilhões e 600 milhões de dólares. Já em 2006, na Alemanha, foram gastos 3 bilhões e 700 milhões de euros, e na África do Sul, em 2010, foram investidos 3,5 bilhões de dólares. Dados recentes já apontam que os gatos desta Copa já ultrapassam os 28 bilhões de reais.

Quero e espero muito que a alegria da Copa contagie, mas não hipnotize ninguém. Sonho em um dia que a Copa no mais literal sentido da palavra seja a Copa do povão, e não simplesmente a da televisão. Quero uma Copa feita para o povo e com o povo, independentemente se o Estádio Mané Garrincha – DF, é o mais caro desta Copa e o 3º do mundo; independentemente se irá levar mais de mil anos para recuperar o que custou; independentemente se custou aos cofres públicos os quase 2 bilhões de reais. Ué? Dinheiro público é de quem? Se existem, dos extraterrestres? Acho que não!

Por isso afirmo veementemente que não queremos e não precisamos de torcedores unicamente da Seleção brasileira na Copa do mundo, mas de torcedores brasileiros, que lutem por melhorias nos principais e em todos os setores de atendimento público. Torcedores estes que vibrem com a mesma intensidade a cada “gol” na saúde, na educação, na segurança, na mobilidade urbana, e nos diversos setores públicos. Necessitamos de torcedores brasileiros que não apenas tenham o orgulho de cantar em alto e bom som o hino do país em sinal de respeito, orgulho e patriotismo, mas prioritariamente, de torcedores que não fuljam a luta e muito menos durmam em berço esplêndido a espera das tão sonhadas melhorias.

Precisamos de torcedores que não saiam às ruas simplesmente contra os gastos excessivos com a Copa, mas contra as corrupções, os abusos de poder, a ilicitude, as improbidades administrativas que rendem nos quatro cantos deste país desde que um cidadão chamado Pedro Álvares Cabral conheceu as terras Tupiniquim. Precisamos de torcedores que entendam que um país não se faz apenas com presidente, ministros, senadores e deputados, mas por prefeitos, vereadores, secretários, e principalmente e fundamentalmente pelo povo, a quem emana o poder.

O problema não está apenas nos grandes centros, nas cidades sedes da Copa, mas bem pertinho de você, independentemente da cidade na qual mora. É bom que saibamos que muitas “arenas” padrão FIFA há muito tempo foram construídas em cada município brasileiro, e é uma pena que a Copa da cidadania e das manifestações não ganhou o respaldo devido dos meios de comunicação, dos conselhos fiscais, das Câmaras de vereadores, a única casa legítima em que o seu dono praticamente não mais aparece para acompanhar os projetos, fiscalizar os recursos públicos e cobrar melhorias e eficiência dos sistemas sociais.

Necessitamos intempestivamente de torcedores que entendam que a Copa não é o problema, mas sim a falta de uma administração pública correta, que defenda os interesses públicos com transparência e respeito aos recursos de cada cidadão. De uma administração municipal, estadual e federal calçada nos princípios básicos da governabilidade, que prime pela democratização dos interesses de uma coletividade, e não de uma parcela de apadrinhados e investidores de campanha. Queremos torcedores que observem a falta de planejamento e a abundante esperteza de muitos administradores públicos como o câncer social.

Repito, muito antes de hexa campeões no futebol, queremos vencer o primeiro amistoso contra as desigualdades sociais, contra a miséria, contra a imoralidade, contra a corrupção nos seus mais variados níveis. Não consigo acreditar em um país conhecido pelas belas jogadas e pelos espetaculares dribles e gols do Neymar, e desconhecido pela falta de oportunidade aos jovens, que vivem marginalizados e excluídos por completo da sociedade. Não conseguirei visualizar um país com maravilhosos técnicos quando o propósito é a escalação ideal da Seleção para a Copa de praticamente um único mês a cada quatro anos, e péssimo quando o assunto é a escolha de administradores públicos por durante quatro, seis anos.

Sejamos todos nós os “fenômenos”, não aquele dos campos, que antes dizia que Copa não se fazia com hospitais, mas sim com estádios, e que hoje se sente envergonhado com o Brasil, e agora figurando na poderosa emissora de TV, afirma que é uma verdadeira festa nunca vista no Planeta. O Brasil precisa sim dos fenômenos das mudanças, das revoluções sociais e da democracia, espalhados nos recantos desta Pátria “adorada entre outras mil”.

Somos todos convocados para defender um País de mais de 200 milhões de cidadãos. Somos convocados a fazer a diferença, a sair do conforto e lutar por melhores condições de vida para todos nós. Fomos convocados a sair do estado de inércia e exercer a verdadeira cidadania. Fomos convocados para mostrar que o grande detalhe da verdadeira mudança é optar e ser você mesma ou você mesmo o próprio detalhe, isto é, o diferencial. Por isso, não espere que façam por você! Levante-se! Mova-se! Faça de você o personagem principal das grandes transformações!

Esta é uma grande oportunidade para mostrarmos primeiramente a nós mesmos e consequentemente ao mundo que apesar de amarmos, não vivemos em função de um esporte. O futebol não é um sonífero, e nem tão pouco a Copa uma “Alice no país das maravilhas”. Se quisermos um país que no mínimo se aproxime da democracia e consequentemente da moralidade, precisamos exercer o papel daquele cidadão que cobra com sabedoria e eficiência por seus direitos e que cumpre com razoabilidade as suas obrigações. E nunca esqueça que esta transformação deve prioritariamente contemplar a educação. Se não conseguirmos educar, tão pouco conseguiremos transformar alguma coisa.

A hora é esta Brasil! Mostra essa força!

Por Flanilson Nascimento Santana
Graduação em Letras pela Faculdade Sete de Setembro – FASETE
Pós-graduação em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira – FINOM
Professor de Língua Inglesa da Escola Mul. Evaristo Cardoso Varjão

*Artigo de colaborador

*Colaborador

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