em

Infarto aumenta o risco de desenvolver complicações de saúde a longo prazo

Problemas como insuficiências cardíaca e renal, fibrilação atrial e até depressão são mais frequentes em quem sofreu um ataque cardíaco

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein 

Pessoas que sofreram um infarto têm mais risco de desenvolver outros problemas de saúde a longo prazo, como insuficiências cardíaca e renal, arritmias e até depressão, reforça um estudo da Universidade de Leeds, no Reino Unido, publicado no Plos One. O trabalho analisou dados de 34 milhões de adultos, somando 145 milhões de admissões em hospital no período de nove anos, entre 2008 e 2017. 

Entre os pacientes que tinham histórico de ataque cardíaco, quase um terço desenvolveu a insuficiência renal e a cardíaca, 22% tinham fibrilação atrial – uma arritmia grave – e 38% morreram no período avaliado. Além disso, problemas como Acidente Vascular Cerebral (AVC), doença arterial periférica, hemorragia e depressão foram mais frequentes nessas pessoas.  

“Isso não surpreende porque, após o evento agudo de infarto, há o comprometimento do músculo cardíaco, que, dependendo da extensão, pode ser grave o suficiente para causar sequelas”, diz o cardiologista Eduardo Segalla, do Hospital Israelita Albert Einstein.  

O infarto ocorre quando um coágulo interrompe o fluxo sanguíneo dentro de uma artéria, provocando a morte de células do miocárdio, o músculo do coração. Sem o tratamento correto, ele pode comprometer o funcionamento da bomba cardíaca, levando à insuficiência no bombeamento. Também pode haver a dilatação das câmaras cardíacas, o que favorece o aparecimento de arritmias, como a fibrilação atrial.  

A longo prazo, os danos podem prejudicar o funcionamento dos rins pelo baixo fluxo de sangue. “Por isso, falamos que ‘tempo é músculo’”, diz Segalla. “Quanto mais precoce a desobstrução da artéria, melhor a preservação do músculo cardíaco.” 

Segundo os autores, os estudos existentes costumam se focar mais nos riscos a curto prazo – como a possibilidade de um segundo infarto. Para eles, os dados obtidos de vários desfechos em um longo período, em uma amostra representativa da população, reforçam a necessidade de monitoramento desses pacientes para controlar os impactos na saúde física e mental.  

“Os medicamentos e o acompanhamento da reabilitação cardiovascular são pilares que diminuem as taxas de mortalidade”, diz o médico do Einstein. As medicações visam manter o colesterol, a glicemia e a pressão arterial sob controle. Também são receitados antiagregantes plaquetários para evitar a formação de novos coágulos. Mas, explica o especialista, é essencial adotar mudanças no estilo de vida, incluindo prática de atividade física, alimentação saudável, controle do peso e do estresse, sono de qualidade e abandono de vícios, como o cigarro.  

Tratamentos são variados 

Os tratamentos para o infarto evoluíram muito, mas, quanto antes for diagnosticado, melhor o resultado. Na fase aguda, costuma-se fazer a angioplastia, em que o vaso é desobstruído com um stent – uma espécie de tubo que mantém a abertura –, inserido por cateterismo.   Quando há várias lesões, pode-se optar pela cirurgia de revascularização ou angioplastia levando em conta fatores como idade, tipo e local das lesões, além da presença de comorbidades. “Independentemente da estratégia, o tratamento medicamentoso e a mudança do estilo de vida são cruciais para a sustentabilidade da intervenção realizada”, reforça Segalla.

Agência Einstein

Com foco em saúde, ciência e bem-estar, a Agência Einstein oferece gratuitamente conteúdo qualificado para jornais, revistas, emissoras de TV e rádio e sites de notícias. A iniciativa do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, tem o objetivo de difundir informação de qualidade para promover saúde e difundir conhecimento.

Sair da versão mobile