Ao contrário do que muita gente pode pensar, comprar um carro não é considerado um investimento. No decorrer do tempo, há a depreciação do valor do bem no mercado de compra e venda, ao contrário do conceito de investimento, que tem o propósito de fazer o dinheiro aplicado render. Compreender a diferença é necessário para fazer as melhores escolhas com o dinheiro disponível.

Conforme ressaltado pela Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar), o conceito de investimento está diretamente relacionado à obtenção de retorno financeiro sobre um montante aplicado. Independente de ser no curto, médio ou longo prazo, quem investe espera receber algum lucro no futuro.

O carro não se enquadra na categoria, sobretudo, quando é adquirido para uso próprio, no dia a dia. O proprietário deve considerar o desgaste natural das peças ao longo do tempo e os gastos necessários para manter o veículo em bom estado de funcionamento. Quando bem conservado, o automóvel pode ser revendido por um bom preço, mas não é comum obter lucro na transação. 

O deslocamento, contudo, é uma parte essencial das preocupações cotidianas da população. Embora o trabalho remoto e as possibilidades de home office tenham se popularizado, outros aspectos da vida requerem mobilidade. Nesse sentido, ter um carro pode significar mais conforto, praticidade e autonomia. 

Devido ao elevado custo de propriedade do carro, a orientação é para que os consumidores examinem com cuidado a aquisição, a partir da ótica do planejamento financeiro. É preciso estar atento no momento de decidir comprar, vender ou trocar um automóvel, tendo em mente as necessidades e os recursos disponíveis. A recomendação é ser realista quanto às expectativas e analisar os custos e benefícios. 

De acordo com as informações sobre educação financeira divulgadas pela Bolsa de Valores do Brasil (B3), o ideal é que as despesas mensais com o carro não ultrapassem 30% do orçamento. A porcentagem vale, também, para o parcelamento de um eventual financiamento, já que gastar mais pode comprometer a renda, fugindo da chamada “dívida saudável”. 

Investir pode ser o primeiro passo para a compra do carro

A lógica do investimento é aumentar os recursos financeiros ao longo do tempo. Segundo a Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), a prática tem início com a organização das finanças. O planejamento facilita compreender como é possível economizar dinheiro, considerando a realidade pessoal ou da família, para criar o hábito de poupar.

Ainda de acordo com a Abefin, o valor economizado deve ser investido. Assim, é possível fazê-lo render e realizar sonhos materiais no curto, médio ou longo prazo, o que pode ser a compra de um bem, como carro ou casa, a realização de uma viagem, o pagamento da faculdade dos filhos e tantas outras alternativas.

Para isso, a orientação é estudar sobre os investimentos. Saber o que é renda variável e a diferença para renda fixa, conhecer a rentabilidade e a liquidez de cada produto financeiro, informar-se sobre os riscos inerentes às operações são fundamentais para o investidor iniciante.

Segundo a B3, na renda fixa, o Tesouro Direto Prefixado é uma opção que pode ser favorável para metas de médio prazo, como a aquisição de um carro. Este título público tem uma taxa de rentabilidade imutável no decorrer do período de investimento. Já na renda variável, ações e fundos de investimento, embora envolvam maior risco, apresentam maior potencial de rentabilidade. 

De modo geral, as orientações da B3 são para que o investidor diversifique a carteira, equilibrando aportes conservadores e outros mais arrojados, para alcançar a quantia necessária para a compra do automóvel.

Manutenção em dia segura a queda de valor do bem

A Planejar destaca a importância da manutenção para que o carro não perca tanto valor ao longo do tempo e possa ser revendido por um preço justo, ainda que não dê lucro.

Fazer os reparos necessários assim que os problemas aparecem, enquanto ainda são pequenos e rápidos, é uma maneira menos onerosa de manter o veículo em dia. Além disso, é preciso encaixar as despesas no orçamento para evitar dores de cabeça no futuro.

De acordo com a Planejar, só o fato de o carro sair da concessionária já reduz o seu valor em até 20%. A desvalorização que os veículos passam deve ser considerada pelo consumidor antes de decidir se vale a pena fechar negócio. Gastos com depreciação, manutenção, seguro e combustível precisam ser colocados na ponta do lápis.

Segundo as informações da B3, para pessoas que quase não saem de casa ou que têm facilidade para usar o transporte público da região, a aquisição do carro pode não ser de primeira necessidade.  

Por outro lado, se as viagens de deslocamento são necessárias e o serviço de transporte público da região é ineficaz, a compra do carro pode ser essencial. Além disso, há pessoas que têm o sonho de ter um automóvel para mais conforto ou segurança. A decisão sempre será do consumidor, que deve apenas estar atento ao controle de suas finanças.

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