Sensação de coração acelerado, dificuldade para respirar, músculos tensos e suor frio são reações comuns diante de eventos importantes. No entanto, a persistência desses sintomas pode interferir na qualidade de vida, tanto física quanto social, quando associada a doenças mentais, como a ansiedade e a síndrome do pânico.
O Brasil lidera o ranking com o maior número de pessoas que sofrem com transtornos de ansiedade. A Organização Mundial da Saúde confirmou que quase 10% da população convive com algum tipo de ansiedade, um problema que se manifesta de diversas formas, como constante preocupação excessiva, ataques de pânico e medos intensos e irracionais.
Apesar da alta prevalência de transtornos ansiosos no país, a maioria dos brasileiros ainda não compreende completamente essa condição e a diferença entre ansiedade e síndrome do pânico. Considerando o crescente número de casos, é fundamental esclarecer as características de cada tipo de crise.
Uma crise de ansiedade é o mesmo que um ataque de pânico?
A ansiedade é caracterizada por uma sensação geral de preocupação, sendo mais constante e persistente. Os sintomas incluem nervosismo, inquietação, dificuldade de concentração, fadiga, insônia e tensão muscular. Essa condição pode estar relacionada a situações específicas ou ser algo contínuo, podendo não se manifestar com a mesma intensidade dos ataques de pânico.
Já a síndrome do pânico é um tipo específico de transtorno de ansiedade. Os ataques de pânico são episódios súbitos e intensos de medo ou desconforto que atingem o ápice rapidamente. Os sintomas podem ser palpitações cardíacas, sudorese, tremores, sensação de falta de ar, náusea, dor no peito, sensação de despersonalização e outros. A frequência e a intensidade podem variar de pessoa para pessoa.
Ambas as condições podem ocorrer devido a gatilhos específicos, mas também podem ser desencadeadas sem motivo aparente e pontual. A ansiedade, por exemplo, pode estar relacionada a uma preocupação futura ou algo que ainda não aconteceu. Quando se manifestam, por meio de uma descarga de cortisol no organismo, ambas enviam mensagens ao sistema nervoso para ativar o instinto de “luta ou fuga” no corpo.
A percepção da situação também varia: na crise de ansiedade, a pessoa entende a conexão entre a situação e a ansiedade, enquanto na crise de pânico pode haver a sensação de perder o controle.
É importante reforçar que é possível ter transtorno de ansiedade e ataques de pânico ao mesmo tempo. Uma pessoa diagnosticada com transtorno de ansiedade crônica, por exemplo, pode ter episódios pontuais e curtos de ataque de pânico.
As condições são relacionadas, mas têm características distintas. Por se combinarem com outras condições, muitas vezes os diagnósticos são mais complexos e demorados. Frequentemente, as doenças se combinam com outras condições, tornando os diagnósticos mais complexos e demorados.
O que causa ansiedade ou ataques de pânico?
Existem diversos estímulos que podem causar transtornos de ansiedade e ataques de pânico. Desde questões biológicas, como alterações hormonais, até eventos externos, como divórcios, morte de pessoas próximas e outros traumas em geral. Cada caso é único; a história de vida de cada pessoa, bem como as experiências e vivências, são gatilhos que podem fazer surgir essa emoção negativa.
As causas exatas dos ataques de pânico ainda não são completamente compreendidas. Diversas teorias e pesquisas apontam para uma combinação de fatores, especialmente alterações no sistema nervoso central, como neurotransmissores desequilibrados, redes neurais anormais e hiperventilação crônica.
Entenda como são feitos os diagnósticos e tratamentos
Segundo Ana Tomazelli, psicanalista e idealizadora do Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas, o diagnóstico da síndrome do pânico e do transtorno de ansiedade exige consultas regulares e acompanhamento.
A avaliação envolve uma abordagem multidisciplinar, com psiquiatras e psicólogos trabalhando em conjunto, e, em casos críticos, com a participação da família. São realizados exames clínicos para verificar níveis hormonais e de vitaminas, as quais são indispensáveis para o bem-estar físico.
Os tratamentos para ambas as condições podem envolver sessões de terapia cognitivo-comportamental (TCC), medicamentos ansiolíticos ou antidepressivos — sempre sob orientação de um psiquiatra — e técnicas de relaxamento. A TCC pode ajudar a identificar e modificar os pensamentos e comportamentos que contribuem para os ataques de pânico.
Além disso, a ansiedade e a síndrome do pânico podem ser tratadas também com mudanças no estilo de vida, técnicas de gerenciamento de estresse, etc. A abordagem da terapia e a necessidade de medicação dependem da gravidade da condição, que deve ser avaliada por profissionais da área.