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Mais da metade dos adultos brasileiros consome sal em excesso

Valores ultrapassam limite de sódio recomendado para prevenir doenças cardiovasculares

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

Mais da metade dos adultos brasileiros consome sal em excesso e em quantidade superior a dos padrões estabelecidos para prevenção de doenças. O dado é de uma nova pesquisa feita na Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Instituto Pensi, Fundação José Luiz Egydio Setubal e Hospital Infantil Sabará.

A pesquisa mostrou que 56% da população acima de 20 anos ultrapassa o limite recomendado pela Academia Nacional de Ciências, Engenharia e Medicina dos Estados Unidos (National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine), que é de 2300 miligramas ao dia.

O consumo do sódio ocorre principalmente por meio do sal de cozinha — mistura com 60% de cloreto e 40% de sódio. Ou seja: 1 grama de sal contém 400 mg de sódio. No Brasil, de acordo com o estudo, a ingestão média é de 2432 miligramas ao dia, equivalente a 6 gramas de sal – 1 colher de chá cheia ou 1 colher de sobremesa nivelada.

O grupo analisado que mais extrapolou no consumo de sódio foi o de homens jovens, na faixa dos 20 a 29 anos. Pão francês, feijão, arroz e bife são os alimentos que mais contribuíram para o índice nessa faixa etária. 

(Imagem ilustrativa/Freepik)
(Imagem ilustrativa/Freepik)

Perfil de consumo

Os autores coletaram informações sobre o perfil alimentar de mais de 28 mil adultos por meio dos dados da Pesquisa Nacional de Orçamentos Familiares, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os participantes descreveram tudo o que haviam ingerido em dois períodos diferentes de 24 horas. 

“Os dados mostram que, apesar de todos os esforços para reduzir o consumo de sódio, os resultados ainda são muito discretos”, diz a nutricionista Paula Victória Félix, uma das autoras do trabalho.

“Os mais jovens estão sendo expostos mais cedo a grandes quantidades de sal e açúcar, o que vai acostumando as papilas gustativas a quantidades cada vez maiores. Além disso, são os que mais consomem alimentos prontos e pedem comida rápida. Os idosos, ao contrário, acabam seguindo mais as recomendações médicas.”

Campeões mundiais

Sabe-se que o excesso de sódio é um fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares como hipertensão e acidente vascular cerebral. Diminuir esse consumo é uma das intervenções mais efetivas em termos de custo-benefício para reduzir a incidência dessas doenças, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O Brasil está alinhado com o compromisso global de reduzir em 30% essa ingestão até 2025.

Apesar desses resultados, o Brasil não está entre os campeões na ingestão de sódio: entre os países com maior consumo, estão alguns asiáticos, como a China, com aproximadamente 6900 mg/dia – índice ligado a uma culinária altamente condimentada com molhos salgados – e países do leste europeu como Polônia (4300mg/d) e Romênia (5000 mg/dia), devido à alta preferência por embutidos. Os números são do último relatório global da OMS. Já os menores consumidores são países africanos como Congo, com 2000 mg/dia.

A boa notícia é que é possível aprender a consumir menos – e treinar o paladar para apreciar o sabor real dos alimentos.  Às vezes, uma única porção atinge metade do recomendado por dia:

  • 100 g salsicha ou cachorro-quente – 1460 mg sódio
  • Uma fatia de Pizza ou calzone – 1100 mg sódio
  • Um pão francês – 300 mg sódio

Como reduzir seu consumo de sódio:

  • Reduzir gradativamente a quantidade de sal usada no preparo. Isso pode ser feito aos poucos. Se você usa uma colher de chá para temperar a comida, experimente usar três quartos, e depois  metade da colher
  • Trocar o sal por outros temperos, como ervas secas ou até mesmo frescas, se possível
  • Evitar enlatados e optar por conservas ao vapor
  • Ler rótulos dos alimentos comprados. Há grande diferença na quantidade de sal entre as diversas marcas
  • Tirar o saleiro da mesa
  • Reduzir o consumo de refeições prontas, e de embutidos como salsicha, presunto, salame

Experimentar alternativas ao pãozinho, como por exemplo a tapioca e cuscuz, que são preparações que conseguimos controlar a quantidade de sal.

Agência Einstein

Com foco em saúde, ciência e bem-estar, a Agência Einstein oferece gratuitamente conteúdo qualificado para jornais, revistas, emissoras de TV e rádio e sites de notícias. A iniciativa do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, tem o objetivo de difundir informação de qualidade para promover saúde e difundir conhecimento.

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