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Como o cérebro rastreia os nossos passos e dos outros ao redor

Estudo observa que diferentes padrões de ondas cerebrais permitem que monitoremos espaços vazios em meio a aglomerações

(Imagem ilustrativa/Freepik)

Frederico Cursino, da Agência Einstein 

Em tempos de distanciamento social, uma descoberta revela que o nosso cérebro está mais atento do que imaginávamos a eventuais aglomerações. Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) constataram que, quando dividimos um ambiente com outros indivíduos, diferentes padrões de ondas cerebrais permitem que monitoremos o movimento das pessoas ao redor, ajudando a encontrar lugares mais vazios ou mesmo evitar uma colisão involuntária. 

“Nossos cérebros criam uma assinatura universal para nos colocar no lugar de outra pessoa”, explica a neurocirurgiã Nanthia Suthana, autora sênior do estudo publicado pela revista Nature.

Em sua análise, Nanthia e uma equipe de pesquisadores da UCLA observaram pacientes com epilepsia cujos cérebros tiveram eletrodos implantados por meio de cirurgia para controlar convulsões. Os eletrodos residiam no lobo temporal medial, o centro do cérebro ligado à memória e que pode ser o responsável por controlar a navegação do indivíduo, como um GPS do corpo.

Pesquisas realizadas com roedores já haviam mostrado que ondas de baixa frequência eram geradas em neurônios do lobo temporal medial para ajudar esses animais a manter o controle de seu deslocamento. Para verificar se o conceito valeria também para os seres humanos, os cientistas criaram uma mochila especial, contendo um computador capaz de se conectar, via wireless, aos eletrodos cerebrais. Os equipamentos foram então entregues aos pacientes analisados, permitindo que os pesquisadores acompanhassem a variação das ondas enquanto eles se moviam livremente.

Durante o experimento, cada paciente carregou a mochila e foi instruído a explorar uma sala vazia, encontrar um local escondido e lembrá-lo para futuras buscas. Enquanto caminhavam, a mochila registrava suas ondas cerebrais, movimentos dos olhos e caminhos pela sala em tempo real.

Conforme os participantes vasculhavam a sala, suas ondas cerebrais fluíam em um padrão distinto, sugerindo que os seus cérebros haviam mapeado as paredes e outros limites. Curiosamente, as ondas cerebrais dos pacientes também fluíram de maneira semelhante quando eles se sentaram em um canto da sala e viram outra pessoa se aproximar do local escondido. A descoberta implica que o cérebro produz o mesmo padrão para rastrear os nossos passos e o de outras pessoas em um ambiente compartilhado.

A autora do estudo explica por que esta descoberta é importante: “As atividades cotidianas exigem que naveguemos constantemente em torno de outras pessoas quando estamos no mesmo lugar. Considere escolher a fila de segurança mais curta do aeroporto, procurar uma vaga em um estacionamento lotado ou evitar se esbarrar em alguém na pista de dança”, afirma Nanthia.

Em uma descoberta secundária, a equipe da UCLA observou também que aquilo em que prestamos atenção pode influenciar a forma como o cérebro mapeia um local. Por exemplo, as ondas cerebrais dos pacientes fluíram com mais força quando eles procuraram o local escondido, ou testemunharam outra pessoa se aproximar do local, do que quando simplesmente exploraram a sala.

“Nossos resultados suportam a ideia de que, em certos estados mentais, esse padrão de ondas cerebrais pode nos ajudar a reconhecer os limites. Nesse caso, era quando as pessoas estavam focadas em um objetivo e em busca de algo”, explica o coautor da pesquisa Matthias Stangl.

Os autores acrescentam que estudos futuros pretendem explorar como os padrões cerebrais das pessoas reagem em situações sociais mais complexas.

(Fonte: Agência Einstein) 

Agência Einstein

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(Imagem: Folha Geral/Divulgação)

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