em

Entenda o que é consumo de pânico e o que a busca por papel higiênico na quarentena tem a ver com isso

Conheça o conceito que vem sido praticado durante a pandemia da Covid-19

Imagem ilustrativa (Foto: Freepik)

As longas filas em supermercados se intensificaram desde a disseminação do coronavírus pelo mundo. Nos noticiários de todo o planeta, circularam inúmeras fotos e matérias de carrinhos lotados não só de alimentos, mas de inúmeros pacotes de papel higiênico, o que gerou piadas e reflexões.

Mesmo quando as recomendações médicas evidenciam o uso de álcool em gel, água e sabão, a prioridade de compra de papel higiênico surpreendeu sanitaristas e psicólogos em todo o mundo.

Se o coronavírus afeta o pulmão e, até onde se sabe até agora, não causa danos ao sistema intestinal, o que explica essa preocupação em garantir, e até estocar, inúmeros rolos de papel higiênico?

Razões para garantir o papel

Algumas justificativas foram levantadas por especialistas e noticiários para explicar tal comportamento social que, juntamente ao coronavírus, ultrapassou fronteiras e diferenças culturais.

Uma delas é a garantia de aquisição de uma quantidade maior do que o normal para reduzir as idas ao mercado. Essa preocupação visaria, portanto, à redução da exposição ao coronavírus a partir de menores saídas de casa.

Contudo, outra razão apontada é o “pânico coletivo”, surgido durante uma situação atípica como essa pandemia. A circulação de fotos de carrinhos de supermercado lotados com papel higiênico originou,  em todo o mundo, a sensação de que o produto era item de primeira necessidade e deveria ser garantido com a mesma urgência que alimentos.

A intensa preocupação com hábitos e materiais de limpeza também ajuda a explicar tal comportamento. Como repensar essa prática é fundamental para reduzir a disseminação do coronavírus, garantir produtos voltados para a higiene pessoal virou não só necessidade, mas também um (ilusório) símbolo de segurança.

Briga por papel higiênico no mundo

Por meio das redes sociais, circulou um vídeo de duas pessoas brigando por um pacote de papel higiênico, na Austrália. Uma empresa que domina quase dois terços desse ramo no Reino Unido disse a BBC News que 63 milhões de rolos foram vendidos no país nas duas primeiras semanas de março.

Até países culturalmente marcados por características como o controle e a serenidade, como o Japão, entraram na lista dos que tiveram uma explosão do consumo desse item. Traumas históricos podem ajudar a explicar esse comportamento entre a população japonesa.

Um deles ocorreu em 1973, na crise do petróleo, que afetou a produção desse item no país e levou muita gente a estocar papel higiênico. A estocagem se repetiu em 2011, após o país ser seriamente afetado por um tsunami que atingiu o litoral de seu território e matou mais de 18 mil pessoas. É possível que a atual pandemia tenha reavivado esses traumas na comunidade japonesa.

No país, também circularam notícias falsas de que a matéria-prima necessária para a produção do papel higiênico vinha da China. Isso gerou o temor de que o país epicentro do novo coronavírus também diminuísse a exportação de alguns produtos, como vem fazendo com máscaras e equipamentos de proteção individual.

Consequências causadas pela Internet

Compras motivadas pelo pânico não são uma novidade e já aconteceram em outros episódios de crise, como a Guerra Espanhola, em 1918. Nesse episódio, ocorreu a explosão da venda de pomadas famosas em desobstruir vias aéreas durante resfriados e gripes.

Contudo, é inegável que, diferentemente de outros momentos de crise vividos no mundo, a atual pandemia tem a tecnologia como um de seus principais traços. A interconexão global promovida por noticiários minuto a minuto e, principalmente, pelas redes sociais facilita a disseminação de comportamentos e temores em escala global.

Chamada de “infodemia” por alguns especialistas, a intensa circulação de informações sobre o avanço do número de mortos em todo o mundo, além de relatos e fotos dramáticas de pessoas doentes ou perdendo entes queridos, ajuda a aumentar reações de medo e pânico generalizado.

Além disso, se em um lugar houver recomendações oficiais para que a população estoque determinado produto, a conexão propiciada com pessoas de outras partes do mundo pode fazer a medida ser adotada em lugares onde tal estocagem não é necessária. Esse contexto aumenta artificialmente a sensação de insegurança e temor.

Em situações de estresse, é comum que as pessoas pensem nos piores cenários possíveis e se tornem mais precavidas, ou pessimistas, de modo a evitar o pior. Assim, além da Covid-19, o medo também é contagioso e pode provocar a escassez.

Por isso, autoridades recomendam que quem comprou produtos em excesso no mercado doe-os para instituições de caridade ou vizinhos desassistidos, com o propósito de garantir o uso para outras pessoas e diminuir a ansiedade coletiva.

(Foto: Divulgação)

Bahia tem 1064 casos confirmados de Covid-19

Imagem ilustrativa (Foto: Freepik)

Conheça os maiores produtores de whisky do mundo