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Entenda a crise hídrica do Rio de Janeiro

Crise de abastecimento aumenta preços nos mercados e altera calendário escolar das escolas cariocas

(Imagem ilustrativa/Pixabay)

Cenário de criações artísticas que estrutura a cultura brasileira, desde o samba até a bossa nova, o Rio de Janeiro vem sediando notícias preocupantes, como o aumento de 92% de mortes em operações policiais, e a crise hídrica, que fez a população ver água, com cor e cheiro, saindo pela torneira.

Em março, a Justiça determinou que a Companhia de Águas e Esgoto do Estado (Cedae) reduza, imediatamente, a conta dos consumidores em 25%, em decorrência do aspecto do líquido fornecido à população.

Se você já comprou a sua passagem da Cometa para visitar a Cidade Maravilhosa, entenda, abaixo, porque a capital carioca vive a crise hídrica que já dura mais de um mês.

Razões da crise

De acordo com a Cedae, a causa da alteração do aspecto da água é a presença da “geosmina”, substância que é produzida quando há excesso de bactérias e algas.

No início de fevereiro, a Companhia verificou a presença excessiva de detergentes no Rio Guandu, o que a fez suspender o fornecimento. Aproximadamente, 8 milhões de pessoas dependem diretamente do Rio Guandu para ter abastecimento hídrico em suas casas.

Em nota técnica, emitida em janeiro, a Universidade Federal do Rio de Janeiro afirmou que a geosmina não é tóxica e que não há, necessariamente, um risco de contaminação devido à sua presença.

Contudo, a mesma instituição alertou que o fato de a água estar turva não se relaciona com a geosmina, e pode ser explicado pela presença de outras substâncias e/ou materiais particulados.

Embora a Cedae afirme que a proliferação de algas e bactérias no Rio Guandu tenha sido causada por variações de temperatura e frequência de chuvas, especialistas da área de saneamento básico apontam que a crescente poluição dos rios da região, nos últimos vinte anos, também explica o atual contexto.

O aumento dessa poluição tem raízes em problemas crônicos e históricos, não só no Rio de Janeiro, mas em todo o Brasil: a ineficiência de políticas públicas de habitação e uma ocupação urbana desordenada. Ambos os fatores facilitam a ocupação de áreas de risco, como encostas e morros, cuja vegetação é essencial para preservar a qualidade dos rios.

Impactos sobre a população

Existem, ainda, suspeitas de que tal proliferação de bactérias e algas tenha sido causada por vazamentos industriais. O problema fez a prefeitura do Rio de Janeiro — e do município de Nova Iguaçu — adiarem o início do ano letivo por um dia, devido à falta de água em mais de 1.500 escolas.

No fim de janeiro, a Cedae passou a adotar, em caráter permanente, carvão ativado pulverizado para de tratamento hídrico. O racionamento foi uma medida, a princípio, descartada pela companhia.

A demanda repentina por água mineral nos mercados elevou o valor de garrafas e galões em até 40%, o que fez o Procon-RJ instaurar procedimentos contra empresas que adotaram preços abusivos.

Após visitas em 25 estabelecimentos comerciais, em diferentes regiões, percebeu-se que o aumento mais expressivo dos preços (66%) ocorreu em Jacarepaguá, na Zona Oeste da capital.

Maneiras de utilizar a água

De acordo com recomendações do Instituto de Microbiologia da UFRJ, independente do estado em que a água se encontre, deve-se trocar filtros e, assim que tudo voltar ao normal, limpar os reservatórios.

Tal instituto enfatiza que apenas o líquido transparente e sem cheiro deve ser consumido normalmente e recomenda a compra de água mineral em casos de qualquer turbidez e coloração alterada. Líquido transparente, mas com forte odor de terra, pode ser utilizado para atividades como limpar utensílios ou tomar banho. O Procon solicita, aos consumidores que identificarem aumentos desproporcionais nos preços, a formalização de uma denúncia ao órgão — acompanhada de registros fotográficos do objeto da queixa, se possível. As declarações podem ser realizadas de forma anônima

(Foto: Kimzy Nanney on Unsplash)

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(Imagem ilustrativa/Freepik)

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