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Produtores rurais defendem agricultura irrigada com uso sustentável no Oeste da Bahia

Com somente 8% da área ocupada com a produção irrigada, agricultores do Oeste da Bahia apoiam estudo para implantar sistema de monitoramento dos recursos hídricos para uso sustentável na agricultura. Objetivo é estimular as melhorias dos índices econômicos e sociais de toda a região.

Ilustração. Foto: Divulgação

A Região Oeste da Bahia vem ao longo dos últimos 30 anos crescendo de forma gradual e significativa comprovado em índices ligados ao Produto Interno Bruto (PIB) e ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Com duas estações de chuvas bastante definidas, com pluviosidade média de 1.200 milímetros de chuva por ano; solo plano, enriquecido ao longo dos anos diante da fertilidade; e do trabalho incansável dos produtores na aplicação de tecnologia em parceria com institutos de pesquisas ligados ao poder público e à iniciativa privada, a região tem garantida a sua sustentabilidade, baseada em uma das maiores produtividades do Brasil na produção de culturas como soja, milho e algodão.

Graças ao pacote tecnológico, desenvolvido para a fertilização e melhorias no teor de matéria orgânica, aplicado aos solos do cerrado, a região conquistou o título de maior produtividade de algodão não irrigado do Mundo, e com qualidade da pluma internacionalmente reconhecida. Os agricultores baianos, por meio da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) e da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) defendem a adesão da tecnologia de irrigação para garantir mais produtividade, com incremento da produção de grãos, verduras, hortaliças e de frutas, por pequenos, médios e grandes produtores, o que vai permitir mais desenvolvimento socioeconômico para os municípios do Oeste da Bahia.

Produtores rurais defendem agricultura irrigada com uso sustentável no Oeste da Bahia. Foto: Divulgação
Ilustração. Foto: Divulgação

Segundo as associações, a agricultura irrigada na região não chega aos 8% da área produtiva da região, ao utilizar somente 192.000 hectares de um total de 2,4 milhões de hectares. Esta área irrigada contribui com 34% do Valor Bruto da Produção Agropecuária. “Caso a irrigação seja utilizada de forma inteligente, racional e com base em rígido controle técnico-científico, a região pode atingir um novo ápice produtivo sem que, para isto, seja necessário aumentar a quantidade de terras”. As entidades reforçam ainda sobre a necessidade do uso sustentável da irrigação na agricultura para potencializar toda a estrutura e demanda de tecnologia e de mão de obra já existente na região. A irrigação, que pode ser utilizada independente da escala de produção, possibilita ainda a diversificação da matriz agrícola do Oeste da Bahia, ao trazer novas culturas à região, a exemplo de hortaliças e fruticultura, gerando, assim, mais emprego e renda.

Desenvolvimento regional – Um exemplo de transformação econômica e social, baseada nos benefícios da agricultura, é a cidade de Luís Eduardo Magalhães. Na década de 80, era um posto de gasolina solitário, em meio ao cerrado, e se transformou em um polo do setor agrícola, com quase 90 mil habitantes, garantindo o terceiro melhor IDH de toda a Bahia. Também no Oeste da Bahia, merece destaque a área agrícola de São Desidério. Com 43% de seu território destinado à agricultura, o município se tornou o maior PIB agrícola do Brasil.

Ao comparar o PIB e o IDH dos municípios baianos, fica evidente que a Agricultura tem um papel fundamental na geração de emprego e renda, possibilitando o desenvolvimento das pessoas que ali vivem. Segundo dados de 2015, da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), o município de Barra, também no Oeste da Bahia, tem uma população de 53.578, e com uma PIB per capita de R$ 6.408.63. Já Luís Eduardo Magalhães, 100 anos mais nova, já tem um PIB per capita de R$ 48.937,78, e uma estrutura socioeconômica ainda em ascensão.

Ainda comparando os dados das cidades de uma mesma região, ambas com vocação e potencial agrícolas, São Desidério tem uma economia 8 vezes maior do que o município de Cocos, por causa do desenvolvimento da agricultura altamente tecnificada e produtiva. Apesar de um índice baixo de pluviosidade, Cocos poderia chegar ao mesmo patamar de desenvolvimento econômico, caso utilizasse as técnicas da irrigação para aproveitar de forma racional e sustentável a perenidade dos seus rios e do aquífero.

Potencial Hídrico – Para trazer a discussão para o terreno da ciência, os agricultores da região vêm fomentando este debate no meio acadêmico ao apoiar um estudo do potencial hídrico, conduzido pelos especialistas da Universidade Federal de Viçosa (UFV) em apoio com a Universidade de Nebraska, dos Estados Unidos. O objetivo é conhecer a disponibilidade hídrica, entender a sua dinâmica e implantar um sistema de monitoramento das águas superficiais e subterrâneas do aquífero Urucuia, além do regime de chuvas, para acompanhar a disponibilidade dos recursos hídricos do Oeste da Bahia. A proposta é que este sistema seja técnico, científico e transparente com a divulgação correta para toda a sociedade, possibilitando o planejamento e a fiscalização do uso da água pelos seus usuários. 

Diante de resultados deste estudo, mais de 80% dos rios da região tem grande potencial de crescimento da sua utilização para expansão da agricultura irrigada, trazendo de forma racional e sustentável, o desenvolvimento socioeconômico para todos aqueles que vivem na região onde correm estes rios que desaguam no São Francisco. “O que não se pode é confundir os efeitos das secas dos últimos anos com o efeito do uso da água na agricultura irrigada na região dos afluentes do Rio São Francisco. Isto fica claro quando as informações indicam que a barragem de Sobradinho, no norte baiano, após retomada das chuvas, tem seu volume útil crescente e atingindo 30% neste início de ano, caminhando para recuperar os níveis normais de 2012/2013, quando a seca começou a fustigar o semiárido do Nordeste”, explica um dos coordenadores do estudo, o pesquisador da UFV, Everardo Mantovani.

Neste debate, os presidentes da Abapa e da Aiba, Júlio Cézar Busato, e Celestino Zanella, acreditam que seja preciso uma melhor avaliação científica, ao analisar os efeitos da redução das chuvas ocorrida nos últimos sete anos. “Temos certeza que a água que passa por debaixo das pontes dos rios não vai retornar. A água que chega ao mar sem ter cumprido a sua função social foi desperdiçada. O que nós, agricultores queremos, é o desenvolvimento econômico com qualidade de vida, o que depende da terra, do trabalho e da tecnologia, que deve ser empregada de forma correta, possibilitando mais emprego, renda e qualidade de vida para muitas famílias”, afirmam.

Marks. Foto: Divulgação

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Ilustração. Foto: Arquivo Folha Geral/Freepik

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