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As mentiras mais contadas por profissionais na internet e em entrevista de emprego

A insegurança e o medo de não se destacar leva muitos a dizerem que possuem determinadas qualificações, sendo que na realidade não tem

(Imagem ilustrativa/Pixabay)

Por *Kelly Stak

Mentira em entrevista de emprego e em perfis profissionais de redes sociais de networking é mais comum do que se imagina. As inverdades mais conhecidas são: dizer que o inglês é intermediário, sendo que não fala ou não escreve o idioma de fato; inventar um motivo falso para demissão do emprego anterior; ou informar, que domina programas como o Excel ou determinadas funções de informática, quando na verdade não domina. Outros, vão mais a fundo ao mentir, e chegam a dizer que possuem formação universitária e até usam o logo da instituição educacional no perfil online, mas não fizeram ou não terminaram a faculdade.

E o pior, é que a mentira pode alcançar extremos como recentemente a imprensa noticiou sobre um homem, que se passou por médico em uma importante instituição de saúde e na realidade ele era apenas um socorrista. Depois de algumas investigações, foram descobertas inúmeras outras mentiras envolvendo a mesma pessoa.

Esse caso mostra o extremo, de como a falsidade ideológica, pode levar uma pessoa a situações absurdas. Não é exatamente o que quero abordar neste artigo, mas é uma boa maneira de demonstrar o quanto a mentira é danosa, pode começar em pequenas atitudes cotidianas e virar uma mitomania, ou seja, uma patologia associada a transtornos e perturbações psicológicas, que necessitam de um tratamento médico especifico.

Currículo ‘fake’

Normalmente as pessoas gastam mais tempo mentindo do que relatando as suas reais capacidades profissionais. Na hora de redigir o currículo, elas se esquecem das coisas que realmente são relevantes — como, qual é o seu objetivo profissional, suas reais certificações, formações e registros profissionais anteriores —, focando na lista daquilo que “acham” que sabem fazer, algumas delas com conhecimento e vivência rasa.

As invenções dos candidatos a uma vaga profissional são criadas com objetivo de passar para a próxima etapa do processo de seleção e, logicamente, ser contratado. Porém, na hora da entrevista, muitos se contradizem com questões que estavam no currículo, mas não eram totalmente verdadeiras — como, quando o inglês do nível básico vem disfarçado de intermediário, o intermediário de avançado, e o avançado de fluente, entre outras.

Mentir, que tem uma formação universitária ou uma MBA, é algo sério, pois, ainda que imagine não precisar totalmente deste conhecimento adquirido em sala de aula, em algum momento estas noções específicas terão que ser demonstradas. Normalmente quem age assim “acha” que é autossuficiente profissionalmente e tem conhecimento satisfatório. Mas, na prática a mentira acaba sendo descoberta e haverá frustração e ‘saia justa’ podendo acabar mal, com baixo desempenho no trabalho, resultados profissionais medíocres, demissão por justa causa devido as inverdades contadas e ficar com uma fama ruim no mercado de atuação.

Além disso, levar tempo inventando mentiras e desculpas, gasta muita energia, pois, precisará estar em alerta, vigiando e criando estratégias para que essas inverdades não sejam descobertas. O melhor é utilizar essa energia no que realmente interessa, como fazer cursos, treinamentos e até mesmo se esforçar para ser excelente em sua função profissional.

Recrutadores atentos as mentiras

Um dos motivos mais recorrentes do recrutador não se atentar as mentiras contadas por um candidato é a pressa em cobrir uma vaga, reduzindo os processos e as etapas da seleção. Hoje existem ferramentas que auxiliam na detecção de inverdades, além de provas, testes e perguntas.

É necessário tomar muito cuidado com processos seletivos rasos, que não se aprofundam nas verificações das competências e comportamentos.  Nos exemplos clássicos do Excel e do inglês, por exemplo, é muito importante um teste prático para avaliar a habilidade do candidato. Além disso, o selecionador precisa estar preparado para ter o conhecimento aprofundado de tudo o que é necessário no cargo a ser preenchido. Pois, para selecionar um analista financeiro é preciso entender as competências e necessidades da função, entendendo se o candidato se aproxima da função ou tem excesso de conhecimento e então traçar uma linha de adaptação.

O candidato que falseia informações pode ser desmascarado na própria entrevista, quando o selecionador evita o uso de perguntas clichês, como quais as suas habilidades e defeitos, e faz questionamentos mais inteligentes, que trarão respostas espontâneas e verdadeiras, desestruturando “as respostas ensaiadas”. A conversa com o candidato deve ser tranquila e fluida, que leve a confiança e evite mais nervosismo no candidato. É possível perceber coerência na narrativa da pessoa quando há uma entrevista bem feita.

Franqueza ganha pontos

Se tem algo que conta ponto com recrutadores é a franqueza, pois ainda que a sua competência não se encaixe em uma vaga ela poderá levar a outros processos seletivos. Porém se mentir, perderá a vaga para a qual está concorrendo e também a oportunidade de participar de outras seleções, pois ficará taxado com perfil enganoso.

Portanto, antes de pensar em mentir qualquer coisa que seja, na entrevista de emprego, no currículo ou no perfil da rede social de networking, pense nas consequências desastrosas, que isso poderá trazer a sua carreira, quando a verdade aparecer. A máxima popular já alerta que “a mentira tem pernas curtas” — pode demorar um pouco, mas, será descoberta.

 *Kelly Stak, é consultora de RH e especialista em desenvolvimento de pessoas e escritora do livro “Rótulos Não Me Definem: Uma História de Resiliência”

>Proibida a reprodução parcial ou total sem os devidos créditos do autor.

Sobre Kelly Stak:

Kelly Stak é uma consultora de RH, especialista em desenvolvimento de pessoas e autora do livro Rótulos Não me Definem. Atuando como Consultora de Recursos Humanos, a profissional possui experiência de 15 anos na implantação de projetos e desenvolvimento de equipes. Coordenando a concepções de mapeamento de processos, com conhecimentos nas rotinas de Departamento Pessoal, Recrutamento e Seleção, Treinamento e Desenvolvimento, Cargos e Salários. Como consultora, ela atende líderes e pessoas que desejam alcançar alta performance nos seus objetivos profissionais. Ela é graduada em Gestão de Pessoas e pós-graduada em Gestão Estratégica de Pessoas, tendo como formações complementares: Coaching, Analista Comportamental, Avaliação 360º pelo Instituto Brasileiro de Coaching; Gestão da Inovação pela ABIT com parceira com a Pierachiani e Instrutora de Treinamento pelo SENAI de São Paulo.  Em 2021, Kelly Stak, que também é escritora, lançou o livro “Rótulos Não Me Definem: Uma História de Resiliência”.

*O conteúdo é de inteira responsabilidade da autora e não representa a opinião do Folha Geral

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