Da Folha Geral, em Salvador* 
Homossexual, mas cristão. Apoiador do sexo apenas após o casamento, porém crítico de pastores que pregam contra gays nas redes sociais e utilizam o tema como plataforma de trabalho, como Silas Malafaia e Marco Feliciano. As descrições parecem pertencer a diferentes pessoas, no entanto, definem um único jovem: Artur Vieira, o primeiro apresentador gay e cristão da televisão brasileira, que vem para rebater os homofóbicos e encorajar os LGBTs a se aceitarem.
Com estreia no próximo dia 12 de agosto, o programa De Volta ao Reino será exibido todos os sábados, a partir das 10h15 da manhã, pela Rede Brasil de Televisão. Com duração de 15 minutos, Artur pretende atingir um público bem variado para falar sobre homoafetividade e religião.
“O meu intuito é conversar com esses jovens que buscam entender a homossexualidade e se aceitar do jeito que são, porque é um período muito difícil para tantos de nós. Além disso, é importante alcançar também aquela mãe ou aquela avó que também não sabem lidar com a situação, quando elas veem alguém falar que ser homoafetivo não é um bicho de sete cabeças, passam a, pelo menos, refletir que talvez não seja mesmo”, conta o apresentador.
O primeiro programa, que vai ao ar um dia antes do dia dos pais, conta com uma entrevista exclusiva de Flávio Mendonça (famoso Gêmeo de Gustavo Mendonça), pai de dois filhos, que fala sobre homofobia, assédio e respeito ao público LGBT.
Pai de dois meninos, Flávio foi categórico na entrevista para Artur Vieira ao dizer que pouco importa a orientação sexual de seus filhos, mas os ensina princípios e conceitos do amor ao próximo. Além de comentar sobre sua ida à próxima temporada da Fazenda (reality show da Record).
De Volta ao Reino, que já existe no YouTube e Facebook, vem as telas, em rede nacional e aberta, como alternativa a tantos programas religiosos que pregam o ódio aos LGBTs. De acordo com o Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual (OCA), o gênero com maior participação na grade de programação das emissoras de TV abertas é o religioso. Eles ocupam, em média, 13,55% da programação.
Essa categoria é formada, em sua maioria, por programas de igrejas evangélicas tradicionais, como por exemplo, Igreja Mundial do Poder de Deus, Igreja Internacional da Graça e Igreja Universal do Reino de Deus. “E esses líderes religiosos acabam usando boa ou toda parte de seus programas para falarem mal de homossexuais, que Jesus os condena e que todos queimarão no fogo do inferno, mas não é assim”, acrescenta Artur.
Estudioso teológico, o novo apresentador também abordará, em seu programa, a teologia inclusiva, que por sua vez, ressalva que na igreja há, sim, espaço para mulheres, negros e homossexuais.
Preparado para receber as críticas, Artur promete ser a voz que tantos LGBTs precisam e buscam na programação aberta. “Comentários maldosos já recebi e recebo de monte, todos sem embasamento ou relevância. Prefiro guardar aqueles que vem dizer que puderam se libertar e se aceitar, após verem meus vídeos, porque esses sim significam que eu atingi o objetivo que queria”.
