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Uruguai tem o carnaval mais longo do mundo

Festa popular dura mais de trinta dias e tem uma das maiores baterias de tambores do planeta

Candombe. Foto: Leonardo Correa
Candombe. Foto: Leonardo Correa

Montevidéu/ São Paulo – janeiro de 2018 – O Uruguai tem o carnaval mais longo do mundo, começa em finais de janeiro e continua até meados de março. Durante aproximadamente 40 dias, milhares de pessoas vão as ruas ou casa de espetáculos acompanhar as diversas atrações, que se exibem em todo país, e são marcadas pela mistura das culturas africana e europeia.

Iniciado em Montevidéu, é uma das tradições mais antigas e populares da cultura uruguaia. O ponta pé inicial é dado todos os anos com o Desfile Inaugural na Avenida 18 de Julio, que esse ano acontece no dia 25 de janeiro. Todos os grupos que intervêm no concurso oficial da capital participam acompanhados de carros alegóricos e cortejo de Rainhas do Carnaval.

Candombe. Foto: Leonardo Correa
Candombe. Foto: Leonardo Correa

Além da apresentação na avenida 18 de Julio, existem os famosos desfiles de “Llamadas”. Com forte influência da cultura africana, sob o som do Candombe, esse ano ocorrerão nos dias 8 e 9 de fevereiro e passarão pelo bairro: Sur e Palermo, também na capital uruguaia. A tradição evoca e lembra os encontros dos escravos, que se reuniam fora da cidade durante os séculos XVIII e XIX.

A força e o colorido do ritmo africano fazem os visitantes vibrarem, a manifestação caracteriza-se pelo diálogo de três tipos de tambores: chico, repique e piano. O comovedor espetáculo é o maior no mundo quando se trata de tambores sendo tocados ao mesmo tempo: são mais de 2500 instrumentos unissonantes, arrepiando a alma dos espectadores.

Além de curtir e dançar baixo o som dos tambores do Candombe, o visitante poderá desfrutar da Murga, ritmo de origem espanhola que mistura teatro, paródia, humor e melodia. O gênero é uma das expressões mais genuínas da cultura uruguaia, principalmente por sua participação popular. Nas noites de fevereiro os conjuntos percorrem palcos de bairros – tablados montados nas ruas durante o período de carnaval, onde costumam se apresentar.

Candombe. Foto: Leonardo Correa
Candombe. Foto: Leonardo Correa

Por 35 dias, os grupos carnavalescos de Murgas, Parodistas, Humoristas e Revistas Musicais participam do Concurso Oficial do Carnaval, onde apresentam com humor e sátira a visão do país e do mundo, acompanhados de diversos arranjos corais, vestuários chamativos e maquiagens criativas. Além de Montevidéu, todas as cidades do interior do Uruguai têm seus desfiles inaugurais. Algumas cidades sofrem influência de outros países como Rivera, Artígas e Melo, localidades fronteiriças ao Brasil, que adotam diversos elementos do nosso carnaval.

Dica de passeio: Em Montevidéu pode-se visitar durante o ano todo o Museu do Carnaval. Ali está exposta a memória do carnaval e abriga parte da história nacional. Confira no site: http://museodelcarnaval.org/

Mais sobre o Candombe

As sociedades de Afrodescendentes e Lubolos ou Comparsas de Candombe são herdeiras de uma tradição envolvida nas denominadas Salas de Nación da época Colonial. Os africanos trazidos como escravos lograram transmitir os valores de sua rica cultura. Reconhecido como Patrimônio Imaterial da Humanidade, o Candombe seduz aos visitantes com o peculiar som de seus três tambores. No Desfile de Llamadas tocam em uníssono, ao longo do percurso, 2.500 tambores que constituem a essência da comparsa.

O ritmo do Candombe surge da denominada corda, grupo formado por três tipos de tambores: piano, repique e chico. É tocado batendo o couro com a mão aberta e com uma baqueta que pode bater também na madeira, sempre pendurado ao ombro por uma correia permitindo que o instrumentista caminhe enquanto toca.

Diante da corda de tambores, cujo número pode superar os setenta integrantes, seguem adiante com seus trajes típicos o resto da comparsa (marcha). O desfile de “Llamadas” leva seu nome de “la llamada del tambor”, que os afrodescendentes realizavam para se reunirem (em extramuros), longe das propriedades de seus senhores, desde finais do século XIX em alguns cortiços, em determinadas zonas de Montevidéu.

Candombe. Foto: Leonardo Correa
Candombe. Foto: Leonardo Correa

A marcha de cada agrupação é aberta por um estandarte, simbolizando o emblema da Tribo ou Etnia. Depois aparece o corpo de dança e os personagens ancestrais. Personagens como: o Gramilleiro, bruxo da tribo, caracterizado por capa, chapéu, bengala, óculos e barba branca, e mala com ervas de propriedades curativas; a Mama Vieja, de roupa colorida, leque e sombrinha, dança lentamente chamando a atenção do Gramillero; a Escobero, que originalmente guiava os tambores durante o desfile com uma bengala, hoje dança com uma pequena vassoura, dando movimento e seguindo o ritmo dos tambores; e as Vedettes que somam sensualidade as danças, evocam rituais, dançando diante da corda.

Mais sobre a Murga

Embora se identifique com origem Cádiz, cidade situada no sul da Espanha, desde 1908, sofreu muitas transformações, a Murga uruguaia nas últimas décadas transformou-se culturalmente e vem acolhendo cada vez mais adeptos do mundo todo. As Murgas carregam uma amplitude de ritmos musicais, dentre eles a “marcha camión”, que se identificam compassos de percussão do bumbo e do prato. O vestuário e maquiagem carregam herança de outras expressões presentes na arte europeia.

Atualmente, a Murga uruguaia é formada por 17 integrantes: um diretor de cena e coral, 13 coristas ou “cuerda de voces”, divididos segundo seu tom de voz e 3 integrantes formam a bateria, com pratos, bumbo e redobre. As apresentações percorrem palcos públicos e privados principalmente de Montevidéu e interior do país, levam à cena letras com humor, sátira e crítica de temas atuais, normalmente relacionados a política e críticas sociais.

O carnaval nasce dos bairros e a maioria tem uma Murga pela qual torcer, apoiar ou seguir, ora nos desfiles ora nos concursos oficiais, que tem júri qualificador outorgando prêmios e menções.
Os ensaios são abertos ao público, isso permite que famílias inteiras memorizem e entoem seus repertórios.

Da Folha Geral, em Salvador*

*Com colaboração de (agência, assessoria ou especialista)

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